Há alguns dias percebi que surgiram bolinhas no cotovelo do meu filho e, então, me dei conta de que a consulta com o pediatra está atrasada. Como sempre o sentimento de culpa foi ganhando terreno e aquela tradicional angustia, que só as mães entendem como funciona, esmagou o peito. Mas, de repente, lembrei-me que um ex-chefe disse certa vez: "Todas as mães são suficientemente boas". E esta frase surgiu como um alívio, um freio para o sentimento de auto-boicote criado pelo lado não tão colorido da maternidade, aquela parte de "ser mãe", que as pessoas não costumam mostrar nas redes sociais. Mas voltando ao fato de que todas as mães são boas, não perfeitas, mas boas....este tipo de reflexão nos livra da obrigatoriedade de sermos heroínas, porque nos mostra que, apesar de todos os defeitos, uma mãe sempre fará o bem para seu filho. Mesmo que no meio do caminho tropece ou tome decisões erradas. Mesmo que às vezes esteja tão cansada e perca a paciência ou que esteja tão perdida que acabe se desviando do melhor caminho. Uma mãe sempre terá o poder de acalentar e proteger sua cria nos momentos mais difíceis.
As mães que trabalham fora e que acumulam jornadas de trabalho têm um papel importante nesta reflexão. São elas, na maioria das vezes, que mais sofrem com o sentimento de culpa. Estão sempre divididas, equilibrando-se entre um compromisso e outro. Quantas e quantas vezes já chegaram em casa e não tiveram forças para preparar o material da escola do dia seguinte? E quantas vezes já tiveram que deixar o filho doente com algum parente para não ter que faltar ao trabalho com medo de perder o emprego?
Gostaria de entender, e um dia ainda entenderei, como pode alguém ser tão forte e tão frágil ao mesmo tempo. Em um momento enfrentar o mundo com uma força descomunal ⎼ e isso já aconteceu comigo ⎼ e em um outro, ter a necessidade de ser protegida e sentir-se compreendida pelo mundo, coisa que geralmente não acontece.
E você ainda tem dúvidas de que todas as mães são suficientemente boas? Nós somos o pilar deste mundo.